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Desgaste entre elenco e Felipão foi determinante para queda

20 mai 2015 - 07h55
(atualizado às 07h56)
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Contratado para ser o principal avalista do novo conceito de futebol que a direção gremista pretende estabelecer nesta temporada, o técnico Luiz Felipe Scolari não conseguiu colocar em prática as ideias e o planejamento estabelecido pelos dirigentes e encerrou sua terceira passagem pelo clube na terça-feira. 

Eterno ídolo, Felipão retornou em julho de 2014 ao Grêmio. Após o fracasso na Copa do Mundo, a volta parecia ser o ideal para retomar a carreira vitoriosa e ajudar a esquecer o recente percalço.

Felipão caiu menos de um ano depois de assumir o Grêmio
Felipão caiu menos de um ano depois de assumir o Grêmio
Foto: Lucas Uebel/Grêmio / Divulgação

O principal objetivo da direção com a contratação de Felipão era de resgatar a alma castelhana e aguerrida, características do time da década de 90, quando ganhou a Libertadores, Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro com Scolari no comando.

Sem dinheiro em caixa e atravessando uma forte crise financeira, a intenção dos dirigentes era aproveitar o segundo semestre de 2014 para pavimentar o caminho para 2015. Jogadores como Zé Roberto, Riveros e Barcos não permaneceram e a proposta era de apostar nos jovens para formar o time de 2015. No entender dos cartolas, somente Felipão teria moral com a torcida para tocar o projeto sem ser criticado e dando respaldo aos jovens.

Técnico conseguiu fazer um bom trabalho no Brasileiro, mas não alcançou vaga na Libertadores
Técnico conseguiu fazer um bom trabalho no Brasileiro, mas não alcançou vaga na Libertadores
Foto: Lucas Uebel / GRÊMIO FBPA

Desgaste com os jovens jogadores

O ano de 2015 começou, e foi justamente com os jovens que Felipão começou a perder o controle do vestiário. Muitos jogadores oriundos das categorias de base estavam insatisfeitos como eram tratados por Felipão e pelo seu auxiliar, Flávio Murtosa. Na maioria dos treinos fechados para a imprensa e torcedores, o técnico cobrava os mais jovens de maneira muito forte. Alguns destes jogadores apareciam no time em uma ou duas partidas, e depois ficavam um longo período sem serem relacionados.

Cobrando reforços publicamente

Com um time recheado de jovens, o começo gremista no Campeonato Gaúcho não foi dos melhores e a todo o momento Felipão destacava a necessidade de novas contratações. Mesmo sem dinheiro, a direção acabou atendendo ao pedido do treinador: jogadores como o volante Maicon, o centroavante Braian Rodriguez e o lateral Marcelo Oliveira desembarcaram na Arena. O time começou a encorpar e os jovens que eram para serem aproveitados foram perdendo espaço.

Virada de ano e saída de estrelas não ajudaram time
Virada de ano e saída de estrelas não ajudaram time
Foto: Lucas Uebel / Grêmio FBPA / Divulgação

O Grêmio chegou a liderar o Campeonato Gaúcho, mas na reta final da fase classificatória viu o time reserva do Inter assumir a liderança e conquistar a vantagem de decidir no Beira-Rio todos os jogos eliminatórios e a decisão do Estadual.

A decisão do Gauchão

A direção gremista colocou todas as fichas na conquista do Campeonato Gaúcho, algo que não acontecia desde 2010, quando o Grêmio, que era treinado por Silas, ganhou pela última vez o titulo estadual.

Apostando em um time experiente, o técnico Felipão viu em 15 minutos o sonho desmoronar nos pés de Nilmar e Valdívia. O time colorado abriu dois gols de diferença, e nem o gol marcado por Giuliano no final do primeiro tempo foi suficiente para iniciar uma reação gremista.

Desgaste com todo o grupo de jogadores

A perda do título estadual acabou sendo o estopim para que a relação entre o técnico Luiz Felipe Scolari e o grupo de jogadores azedasse de vez. Agora não eram só os jovens, mas os mais experientes também estavam insatisfeitos com o trabalho de Felipão. O meia Douglas, contratado a pedido do técnico, estava amargando a reserva. O volante Fellipe Bastos e o lateral direito Matiaz Rodríguez também perderam espaço no time titular.

Derrota na final do Gaúcho e fracassos no Brasileiro foram a gota d'água
Derrota na final do Gaúcho e fracassos no Brasileiro foram a gota d'água
Foto: Lucas Uebel / Grêmio FBPA / Divulgação

Arrancada desastrosa no Brasileiro

O desgaste entre jogadores e treinador ficou evidente na arrancada do Brasileiro com um empate por 3 a 3 com a Ponte Preta, em casa. O Grêmio saiu vencendo por 2 a 0 e cedeu o empate, fez o terceiro gol e nos acréscimos permitiu um novo empate. Contra um time que estava com um jogador a menos.

Na entrevista coletiva após o jogo, Felipão já dava sinais de abatimento e falta de força para reverter um quadro que se caminhava para a sua saída do comando técnico.

"Felipão achou que saída era melhor caminho", diz presidente:

Antes do confronto contra o Coritiba, que acabou decretando a saída de Felipão, o Grêmio havia ganhado do CRB pela Copa do Brasil por 3 a 1, garantindo classificação para a próxima fase da competição de maneira antecipada. Mas os erros e as falhas do time voltaram a aparecer no jogo contra o Coritiba, e desta vez a derrota por 2 a 0 foi a gota d’água.

“É uma situação complicada e precisamos de uma poção mágica neste momento”, disse César Pacheco, diretor de futebol gremista após o jogo.

A mágica, muito manjada no futebol brasileiro, aconteceu nesta terça-feira, com a saída de Luiz Felipe Scolari do comando técnico tricolor. Agora o próximo passo será a procura do presidente Romildo Bolzan Júnior para contratar um novo técnico capaz de fazer o time do Grêmio mostrar um futebol convincente para o seu torcedor.

 
Fonte: Cristiano Leonardo S. da Silva Jornalismo - Especial para o Terra Cristiano Leonardo S. da Silva Jornalismo - Especial para o Terra
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