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Eliminatórias 2014

"Ronaldinho mexicano" retoma passos do sucesso

13 ago 2009 - 09h27
(atualizado às 09h28)
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Quando enfrentou os Estados Unidos na última quarta-feira, em uma partida decisiva nas Eliminatórias para a Copa do Mundo, o jovem atacante Giovani dos Santos voltou a ser visto como o futuro do futebol mexicano. Talvez desta vez o pedestal não se prove tão instável.

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Quando o México conquistou o título mundial Sub-17, em 2005, Giovani foi considerado o segundo melhor jogador do torneio. Filho de um brasileiro e dotado do famoso toque de bola dos brasileiros, ele era apontado como o próximo Ronaldinho.

Mas era cedo demais. A depender de quem conte a história, ou o adolescente se tornou muito cheio de si ou não estava preparado para sustentar o peso das expectativas, e não demorou a perder sua posição naquele pedestal da fé futebolística nacional.

O declínio na carreira de Giovani seria fácil de acompanhar pelo histórico de sua passagem por clubes: depois de se formar nas divisões juvenis do Barcelona e de jogar pelo time principal da equipe em 2007/2008, ele foi transferido ao Tottenham, da Inglaterra, em 2008/2009, onde enfrentou problemas físicos em campo e muitos outros problemas fora dele.

Em dezembro, Giovani, 19, foi fotografado aparentemente muito bêbado na festa de Natal do Tottenham - incapaz de se sustentar em pé.

Em março, ele foi emprestado ao Ipswich Town, da segunda divisão, em uma transação classificada pelo jornal britânico Guardian como "queda humilhante" para alguém um dia visto como futuro astro.

Giovani completou 20 anos e talvez tenha deixado a irresponsabilidade para trás junto com a adolescência. No mês passado, ele foi o melhor jogador na Copa de Ouro, um torneio regional. Na vitória do México sobre os Estados Unidos por 5 a 0, ele e seu colega de ataque, Carlos Vela, marcaram ou deram assistências nos quatro primeiros gols.

Pela primeira em quase uma década, o México derrotou os Estados Unidos no campo do adversário. Foi uma das raras exibições recentes do enorme talento de Giovani, ainda que a seleção americana em campo fosse formada por reservas. Para o México e Giovani, porém, a conquista pode ter propiciado um novo despertar.

Giovani jogou com força e elegância, encontrando espaços na defesa dos Estados Unidos e abrindo caminho para os companheiros. Ele se posicionou na sua área preferida do campo, a direita, driblando para dentro da área em alta velocidade, fazendo passes inteligentes e cavando um pênalti para o México, além de marcar um gol em rebote muito bem aproveitado.

"Giovani cresceu na Copa de Ouro", diz Rafael Marquez, zagueiro mexicano. "Mostrou uma responsabilidade que antes ele não tinha. Provou sua qualidade, e provou ser o Giovani de que precisamos na seleção. O México não conta com muitos jogadores como ele".

Marquez, que defende o Barcelona, deve ficar de fora na quarta-feira devido a uma lesão. Giovani deve entrar como titular, no ataque ou como meia-atacante. Times da Itália, Espanha e Turquia demonstraram interesse por ele (ainda que ele afirme que seu plano é retornar ao Tottenham). E o México espera muito de seu craque.

Giovani declarou em recente entrevista à rede ESPN que "eu não era tão bom quanto um dia imaginaram, e nem tão ruim. Agora, estou em bom momento e espero aproveitar".

A vitória na última quarta-feira, aliás, manteve o sonho do México em disputar a Copa do Mundo de 2010, na África do Sul. Apenas três seleções da América do Norte, América Central e Caribe se qualificam diretamente; o quarto colocado terá de disputar a repescagem contra o quinto colocado na Eliminatória da América do Sul. O México no momento ocupa esse perigoso quarto lugar.

"Uma derrota os esmagaria", previu Landon Donovan, o cérebro da equipe americana. Perder em casa para os Estados Unidos pela primeira vez seria um novo abalo para um país que já enfrenta a recessão mundial, a gripe suína e uma guerra mortífera contra as drogas. "Eu me embriagaria de raiva", diz Rodrigo Maya, gerente noturno de um hotel na Cidade do México.

Mas veio a vitória, por 2 a 1, e ela tranqüilizou o México no futebol e aliviou os demais problemas por algum tempo. E boa parte do crédito pelo amadurecimento de Giovani vem sendo atribuído a Javier Aguirre, o técnico mexicano, antigo colega do pai do jogador, Zizinho, no Club América, da Liga Mexicana. Ele conhece Giovani desde menino e ao que se sabe mantém com ele um relacionamento mais forte do que aquele que existe entre técnico e jogador - uma espécie de parentesco.

"Aguirre é bom para essas coisas", diz Juan Villoro, autor mexicano de um livro sobre futebol e religião. "Acho que ele disse a Giovani que essa é a sua última oportunidade de mostrar que é grande jogador. Ele foi campeão mundial muito jovem e achava que já tinha feito tudo. Achava que era o rei do mambo. E é, em certa medida, mas é preciso pensar sempre no próximo jogo".

Tradução: Paulo Migliacci ME.

Giovani dos Santos voltou a ser visto como o futuro do futebol mexicano
Giovani dos Santos voltou a ser visto como o futuro do futebol mexicano
Foto: Getty Images
The New York Times
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