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Campeonato Espanhol

Entenda a greve patronal que abala o futebol espanhol

Divergências entre dirigentes, clubes e jogadores sobre distribuição de receitas de transmissão de partidas pela TV provoca paralisação

7 mai 2015 - 11h11
(atualizado às 11h49)
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A Federação Espanhola de futebol anunciou a suspensão de todas os torneios oficiais do país a partir de 16 de maio - e até segunda ordem - por causa de desavenças com o governo. A suspensão, que vai afetar mais de 600 mil jogadores e 30 mil partidas, ocorre num momento em que sua principal competição, a primeira divisão profissional masculina, tem Barcelona e Real Madrid separados por apenas dois pontos na luta pelo titulo, com apenas três rodadas restando.

Trata-se de uma situação complexa: a federação é contra um projeto de lei que "democratiza" a distribuição de receitas provenientes da venda dos direitos de transmissão de TV. Mas a Liga Espanhola (LFP), órgão que administra as duas primeiras divisões do campeonato, é a favor do governo e já entrou na Justiça para bloquear a greve patronal decretada pelos dirigentes.

Mas por que a disputa chegou a esse ponto? E o que pode acontecer com o campeonato?

O Barcelona, do brasileiro Neymar, atualmente é bastante beneficiado com a venda de direitos
O Barcelona, do brasileiro Neymar, atualmente é bastante beneficiado com a venda de direitos
Foto: Albert Gea / Reuters

O problema

Essencialmente, o locaute é o resultado de um briga pelo comando do futebol espanhol.

Mais especificamente uma batalha pela distribuição das receitas de TV, que há anos estão concentradas nos cofres de Barcelona e Real Madrid, os dois clubes mais populares do país.

O atual sistema de vendas é individual: ou seja, cada clube negocia seus próprios contratos, com Barcelona e Real obtendo muito mais dinheiro que as outras equipes da primeira divisão.

Há anos existe pressão para um sistema de venda coletiva, como ocorre na Inglaterra, em que a distribuição das receitas é um pouco mais igualitária. Barcelona e Real, por sinal, reconhecem a necessidade de mudanças. Tudo parecia encaminhado para um acordo, mas a Federação Espanhola interveio por discordar de alguns termos do acordo e por achar que sua autoridade foi ignorada no diálogo entre governo e a LFP.

O que dizem os jogadores?

Os jogadores ameaçaram entrar em greve há algumas semanas por causa da questão de redistribuição. Eles consideram que o sistema de venda coletiva vai criar ainda mais desequilíbrio entre os clubes mais ricos e os mais pobres.

É um argumento sustentado pelos problemas financeiros enfrentados por diversos clubes espanhóis. No ano passado, por exemplo, jogadores do Racing Santander se recusaram a entrar em campo para uma partida contra o Real Sociedade pela Copa do Rei, em protesto contra atrasos no pagamento de salários - uma decisão que foi aplaudida pelos torcedores.

O Real Madrid, de Cristiano Ronaldo, está apenas dois pontos do Barcelona na luta pelo título
O Real Madrid, de Cristiano Ronaldo, está apenas dois pontos do Barcelona na luta pelo título
Foto: Clive Rose / Getty Images

Vai parar mesmo?

O assunto é sério. A Fifa, entidade máxima do futebol, proíbe a intervenção política em assuntos esportivos e é justamente de interferência do governo que a Federação Espanhola está se queixando. Na teoria, a Espanha poderia ser punida com a exclusão de competições internacionais caso o impasse persista por muito tempo.

Não há indicações de que as partes estejam perto de algum acordo e desde já teme-se o problema da falta de datas disponíveis para a conclusão das competições. Há, por exemplo, diversos jogadores sul-americanos atuando em clubes espanhóis e que foram convocados por suas seleções para a Copa América, no Chile, que começa em 11 de junho. Um deles é o atacante Neymar, do Barcelona. Por sinal, tanto o clube catalão quanto o Real Madrid ainda estão na disputa pelo título da Liga dos Campeões da Uefa, cuja final é em 6 de junho.

É impensável, no entanto, que a temporada espanhola termine sem um campeão. O mais provável é uma corrida para encaixar jogos eventualmente adiados nas datas que faltam.

Mas não há nada garantido.

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