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Exclusivo: Aidar sonha com Ceni em gestão e Kaká no elenco

Novo presidente do São Paulo ainda quer reforma do estádio o quanto antes

17 abr 2014 - 09h38
(atualizado às 09h41)
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Carlos Miguel Aidar (centro) é saudado por Juvenal Juvêncio (à dir.) e Carlos Augusto de Barros de Silva
Carlos Miguel Aidar (centro) é saudado por Juvenal Juvêncio (à dir.) e Carlos Augusto de Barros de Silva
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra

Depois de oito anos com Juvenal Juvêncio no poder, o São Paulo tem, enfim, um novo presidente. O advogado Carlos Miguel Aidar, 67 anos, venceu o pleito marcado para esta quarta-feira, no Estádio do Morumbi, e volta a assumir o cargo ocupado por ele próprio nos anos 80, quando foi o mais jovem mandatário máximo da agremiação tricolor. Com isso, um dos principais clubes do País deve ter algumas mudanças políticas em seus bastidores a partir já desta quinta.

O novo mandatário são-paulino concedeu entrevista exclusiva ao Terra na semana passada em que falou sobre alguns dos temas mais importantes que envolvem o time tricolor. Por exemplo, a polêmica reforma do Estádio do Morumbi, que nesta quarta-feira teve mais uma vez a votação adiada, já que a oposição resolveu não comparecer ao pleito e, consequentemente, abrir mão até da candidatura de Kalil Abdalla.

Além disso, Carlos Miguel Aidar mencionou sobre o futuro do goleiro Rogério Ceni no São Paulo, uma vez que o camisa 1 deve se aposentar ao término da temporada, rejeitou colocar Adalberto Baptista na diretoria, falou sobre a contratação de nomes de peso, como Kaká, e até sobre a proximidade do clube com a CBF mudar a partir de agora. Vale lembrar que Aidar foi advogado da entidade máxima no caso Portuguesa-Fluminense e ainda é amigo pessoal de Marco Polo Del Nero, novo presidente da entidade.

Confira, a seguir, entrevista exclusiva de Aidar ao Terra na íntegra:

Terra - Finalmente vai sair a cobertura do Morumbi?

Carlos Miguel Aidar -

Acho necessário que saia. Você tem uma necessidade, o São Paulo tem uma necessidade de promover algumas coisas no seu parque, seja o estádio ou o social. O estádio o coroamento dele é a cobertura que tem que ser feita por conta de uma moda que hoje tem que ser tudo coberto. Por outro lado ela vai possibilitar a existência de uma arena multiuso, que serão 28 mil lugares atrás do gol de entrada climatizados, que vão possibilitar sua utilização das amis diversas formas: shows, espetáculos musicais e esportivos, partidas de tênis, lutas de MMA, o que você puder imaginar. Será a maior arena climatizada do mundo. Nem a U2 Arena, em Londres, vai ter esse tamanho. O dobro do Parque Ibirapuera para se ter uma ideia do que eu estou te falando. Isso é necessário. Mas mais do que tudo isso são os estacionamentos, pois a grande dificuldade do sócio é parar o carro em dias de jogos. Pois você tem que bloquear as rampas para acessos do público e são rampas utilizadas para atender o sócio. E quando tem jogo você tem o público do jogo, o público social, e a rampa é bloqueada. Então o estacionamento, os dois prédios para duas mil vagas será a salvação do São Paulo em termos futuros. Portanto não podemos perder a oportunidade de fazer esse tipo obra. E eu vou fazer essa obra. Eu, como sócio do São Paulo, é um compromisso meu com o sócio e com o torcedor do São Paulo. Eu pretendo começar a trabalhar nisso para motivar o conselheiro oposicionista, pois o da situação é totalmente favorável, e à medida que o pessoal da oposição aprovar, o modelo jurídico sendo aprovado, o modelo financeiro da operação estando aprovado, só falta o modelo arquitetônico, aí vamos aprovar os dois modelos e fazer uma nova licitação para escolher uma nova emprenteira para concluir essa obra.

Terra - Fica ainda mais necessária essa reforma agora que os dois maiores rivais são-paulinos, o Corinthians e o Palmeiras, estarão inaugurando suas novas arenas em breve?

Carlos Miguel Aidar -

O que tenho dito é que se o São Paulo não fizer isso não vai ter mais shows no Morumbi. Pois você pega o estádio do Palmeiras, que além de extremamente agradável ele é central, aconchegante, moderníssimo, com um sistema de energia renovável que não é solar e é bastante sofisticado, uma coisa inusitada no Brasil, até penso em trazer isso para o Morumbi, tanto que o São Paulo está herdando dois shows do One Direction que seriam realizados no Parque Antarctica e só não serão porque lá não vai estar pronto ainda. O Morumbi vai herdar. Mas depois de pronto o estádio do Palmeiras não vai mais ter show em lugar nenhum, só lá no Parque Antarctica (Allianz Parque). Então nós precisamos fazer isso, é uma obra necessária, uma reclamação do associado e uma coisa imprescindível para o desenvolvimento do São Paulo.

Terra - Pensa em algum grande nome como reforço para ser o "carro-chefe" dessa sua nova gestão?

Carlos Miguel Aidar -

Eu gostaria de trazer jogadores óbvios, que todos gostaríamos. Mas a realidade do futebol brasileiro sabemos que não permite que possamos trazer jogadores como Ribéry, Ibrahimovic, não vou nem falar de Cristiano Ronaldo e Messi, pois isso não existe na realidade brasileira. Mas a gente pode tentar repatriar um Kaká, ou trazer jogadores argentinos e uruguaios de expressão, eu acho que existe essa possiblidade. O São Paulo está entrando em fase financeira estruturada e eu não tenho a menor dúvida de que terei os recursos financeiros e as oportunidades necessárias para contratar um grande atleta de imediato. O problema é encontrar esse grande atleta que sirva para satisfazer a vontade do treinador. Sabemos que cada treinador tem preferência por determinado atleta, então vamos reunir a comissão técnica, e com a nova diretoria de futebol que vai ser constituida.

Terra - O Lugano entraria nesses "uruguaios de expressão"?

Carlos Miguel Aidar -

Lugano não dá para trazer. O Lugano o Juvenal tentou, mas ficou impossível pelo que ele ganha por mês. Pagar 500 mil euros por mês não pode. Já pagar R$ 400 mil ou R$ 500 mil é absurdo para a nossa realidade, então 500 mil euros é inconcebível, nem o São Paulo nem nenhum outro time no Brasil tem condições de pagar esse tipo de salário. Vivemos um momento que é irreal, não é possível pagar esses valores para um jogador por mês. Isso é uma coisa que temos que repensar, e para repensar precisamos investir na base. E é isso que queremos fazer. 

Terra - O Rogério Ceni é um cara difícil de conviver, não se dá bem com vários membros da diretoria, por exemplo. Como é a sua relação com ele?

Carlos Miguel Aidar -

Minha relação com ele é boa, não tenho intimidade nem gozo de amizade íntima com ele. Nunca jantei ou almocei na casa dele e nem ele na minha. Mas já almocei e jantei com ele na concentração, em algumas viagens no interior de São Paulo, fora de São Paulo e até no exterior. É uma figura notável, é o grande ídolo da história do São Paulo e uma pessoa que vai ter lugar em qualquer momento e qualquer lugar da nossa gestão. Tenho a sensação de que o Rogério Ceni ao parar de jogar, e parece que o fará no final desse ano, se tornará uma pessoa cobiçada por mim para compor uma equipe de gestão dentro do futebol ou mesmo dentro de uma gerência maior do próprio clube. O Rogério tem a cara do São Paulo, a marca do São Paulo, tem a simpatia do São Paulo, o amor do sócio e o amor do torcedor. Ele é portanto uma pessoa importante na vida do São Paulo.

Terra - O que pretende fazer com o Rogério após sua aposentadoria, portanto?

Carlos Miguel Aidar -

Quando eu era candidato em setembro ou outubro eu dizia que se o Rogério resolvesse parar no ano passado seria o que quisesse na nossa gestão. Poderia estar concorrendo nessa chapa, poderia estar assumindo um cargo na gerência ou diretoria de futebol. E mais, eu declarei e reafirmo que poderia ter sido o vice-presidente da gestão. Seria uma grande figura recém-encerrando uma carreira vindo para um cargo de gestão importante. Lógico que ia preparar ele para ser eventualmente nosso substituto. Enfim, ele optou por renovar mais um ano, ele fez essa opção, nós batemos palmas, todos gostamos disso, todo são-paulino gosta do Rogério e isso não mudou meu pensamento. Ele não parou ano passado, portanto esse ano foi jogador. Mas quando parar no final desse ano, em 2015 ele poderá ser o que quiser na nossa gestão.

Terra - Até que ponto a sua proximidade com a CBF e com a FPF pode ser benéfica ao São Paulo, que nos últimos anos viveu atrito com as principais entidades de futebol do País?

Carlos Miguel Aidar -

Na verdade a minha amizade com o presidente Marin é de tantos anos atrás. Quando inaugurei o CT da Barra Funda eu o convidei para jogar no São Paulo na partida de inauguração. E há uma foto divulgada mostrando o Marin com seus longos cabelos, e eu no CT na inauguração com meu tradicional bigode. Minha amizade com ele vem de antes de 1987. A relação de amizade é de tal natureza que quando surgiram essas ações de torcedores e Ministério Público para beneficiar a Portuguesa o Marin nos procurou para dar suporte jurídico e a gente fez com bastante competência, tanto que cassamos todas as liminares. Me procuraram de novo agora para advogar nesse episódio, mas eu avisei anteriormente que não advogaria contra a Portuguesa, como não o fiz. A proximidade com o Marco Polo é mais antiga ainda. O Marco Polo se formou em 1967 na faculdade, em 1969, fui calouro dele e desde então tenho amizade com ele. Isso significa dizer que tenho proximidade com os dois. Isso ajuda na relação. Reaproximei o São Paulo da CBF, reaproximei o São Paulo da FPF. Pedi ao presidente Juvenal, embora ele estivesse já assim determinado, para ser o primeiro a registrar apoio ao Marco Polo para registrar a chapa. Então temos uma proximidade que eu acho que vai ajudar, mas se por alguma razão divergirmos será sempre no plano da ideia. Não vamos brigar, não vamos romper, o meu estilo é diferente. Eu vou administrar com equipe, com plano de meta, com objetividade, buscando o máximo possível tirar proveito dessa amizade sem que isso signifique um favorecimento excepcional ao São Paulo.

Terra - Qual análise você faz dessa gestão de oito anos do Juvenal no São Paulo? Teme que, de certa forma, ele possa querer intervir na sua gestão?

Carlos Miguel Aidar -

Primeiro que o Juvenal não vai interferir na gestão, não tenho que me preocupar com isso. O Juvenal é um velho companheiro. Eu o trouxe para o São Paulo lá atras, o apresentei ao clube. Trouxe ele, o Kalil, o Leco e o Marcelo Portugal Gouveia para o São Paulo, os quatro mais velhos que eu e os quatro foram crias minhas dentro do São Paulo. A minha proximidade com o Juvenal é muito grande e muito estreita. Eu lancei a minha sucessão lá atrás e ele agora me lança a sucessão dele, e isso não fez com que lá atrás eu exigisse algo dele, como ele também não fará isso agora. Pois se fosse assim eu não aceitaria ser candidato à presidência. Votaria em quem ele indicasse, mas não aceitaria esse tipo de gerência. Não combina comigo e nem com o Juvenal. Ele me conhece suficientemente bem para saber que não vai mandar absolutamente nada na minha gestão. Embora eu não vá dispensar consultá-lo quando julgar necessário.

Terra - E o Adalberto Baptista, terá algum lugar na sua gestão?

Carlos Miguel Aidar -

Não. Tanto que sequer é candidato ao nosso conselho. Em termos negociais os depoimentos que tenho são excelentes da pessoa dele. Dizem que é um homem muito capacitado, que fez grandes negociações, é conhecedor do mercado, das oportunidades de negócios, enfim. Alguém com vivência empresarial muito grande, mas que não se ouve bem na relação pessoal. Na relação com atletas e até mesmo com outros diretores, de forma que foi muito bom ele ter tido a consciência de que ele ajudaria mais a chapa ficando fora do que querendo concorrer. Sei que se quisesse concorrer teria lugar, pois o Juvenal certamente o colocaria como cota dele na formação dessa chapa que disputou aqui, mas ele entendeu que não era o caso. Além do que ele está acompanhando o filho que corre a Fórmula 4 na Inglaterra. Ele patrocina o filho, acompanha o filho, parece que o filho dele tem um futuro promissor para fazer carreira no automobilismo de competição. O Adalberto não terá lugar na gestão até porque eu não penso em aproveitá-lo e até porque ele não quer participar.

Terra - Há alguns dias, o Andrés Sanchez chamou publicamente o senhor de "racista" e "preconceituoso". O que gostaria de responder a ele?

Carlos Miguel Aidar - O que aconteceu foi o seguinte: eu fui entrevistado por uma colega sua e eu disse a ela o que eu vou afirmar a você que o estádio do Corinthians era muito longe e que não era do Corinthians, era da Odebrecht. E não é nenhuma novidade isso que eu falei. É longe, é da Odebrecht, o terreno é do governo federal, a Odebrecht conseguiu financiamento, dinheiro público, o dinheiro é público, foi o financiamento do BNDES e o Corinthians deve essa fortuna, e só será dono quando pagar. É a mesma coisa da hipoteca. Você compra um imóvel hipotecado a favor da Caixa e enquanto não pagar a última prestação o imóvel não é seu, é da Caixa e ela toma a hora que for. Isso que eu falei. O Andrés é candidato a deputado federal. Ele pegou essas minhas palavras e levou para a mídia. Encontrei-me casualmente com ele em um restaurante e ele afirmou isso que você me disse. "Ah, você é preconceituoso, não admito que você fale isso". Eu falei: "olha Andrés, em primeiro lugar eu falo o que eu quero. Em segundo lugar é longe e o estádio não é do Corinthians, é da Odebrecht". E a prova disso é essa briga da cobertura das arquibancadas provisórias, uma briga, o Corinthians diz que não tem dinheiro para por, diz que não vai por, o problema é da Fifa, a Odebrecht diz que não vai por também. Até de repente quem sabe o Morumbi pode ser repensado em ser palco do segundo jogo do Brasil, já que o primeiro vai ser aqui, dia 6 de junho, contra a Sérvia. Enfim, ele é deputado, é candidato a deputado e como tal precisa estar na mídia. E ele se aproveitou disso para ficar na mídia por alguns dias, mas isso para mim já morreu.

Terra - O presidente Juvenal Juvêncio afirmou em tom irônico mais cedo que, se o que ocorreu em Itaquera tivesse acontecido aqui no Morumbi haveria até o Exército no dia seguinte. Você concorda?

Carlos Miguel Aidar - Há um certo preconceito com o São Paulo. É um clube orgulhoso, construiu sem recurso público esse monumento. Esse estádio, esse palco social, e não tem um centavo público nisso, é tudo dinheiro particular e privado. Então sendo assim, privado, causa um pouco de ciúmes. Infelizmente o pessoal fica com restrições ao São Paulo. Aos poucos as pessoas vão se acostumando que o Morumbi é esse gigante maravilhoso, que vai ainda ser coberto. Ele vai ter estacionamento, arena multi-uso, e todo mundo vai assistir aos shows aqui. Vai ser climatizado, temperatura ambiente de 24 graus, temperatura no palco de 19 graus que artista gosta, enfim, vai ser fantástico, em questão de um ano e meio ou dois.

Fonte: Terra
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