Após vaias recentes e recepção morna, Seleção testa relação com mineiros
Calor da torcida tem sido marca da campanha brasileira nesta Copa das Confederações, mas jogo com Uruguai ainda não esquentou Belo Horizonte
Repetir o clima com a torcida visto em Brasília, Salvador e Fortaleza será o primeiro desafio da Seleção na semifinal contra o Uruguai nesta quarta-feira. Se nos três primeiros jogos da Copa das Confederações a química entre torcida e time funcionou de maneira perfeita, em Belo Horizonte a expectativa é de uma relação mais complicada pelo histórico recente nas partidas disputadas na cidade e da tensão por mais violência no entorno do Mineirão.
A Seleção não escapou das vaias nas últimas duas vezes que jogou no estádio. Em 2008, Dunga ouviu vaias e gritos de burro no empate por 0 a 0 com a Argentina em que o meia Lionel Messi deixou o campo como jogador mais festejado. Já com Felipão, em abril deste ano, o Brasil fez uma partida instável com a seu time local e recebeu muitas vaias no 2 a 2 diante do Chile.
Tal histórico fez com que muitos jogadores pedissem com antecedência paciência à torcida, o que não tinha ocorrido nas prévias das partidas anteriores. “Quero pedir ao mineiro, pois sou mineiro e nosso povo é caloroso e respeitador, que incentive nossa Seleção. Que a gente sinta o que sentimos em Fortaleza e Salvador, porque realmente mexeu com a gente. Motivou muito. O torcedor fez parte dessa vitória fora de campo”, disse Fred ainda em Salvador.
A mudança na empolgação da torcida pôde ser notado nos dois primeiros dias na cidade. Se em Fortaleza Felipão mandou estourar cadeado dos portões para cerca de 5 mil pessoas acompanharem o treino e em Salvador centenas se irritaram com a impossibilidade de verem a atividade no Pituaçu, em Belo Horizonte o número de pessoas no lado externo não chegou a uma centena no Sesc Venda Nova.
Mesmo no Hotel Ouro Minas, localizado em uma região de fácil acesso, a movimentação é menor, inclusive de Neymarzetes. Na chegada os fãs eram mais numerosos, mas nada comparado ao visto em Fortaleza, por exemplo. Na capital cearense o drible da delegação ao entrar no estacionamento por uma porta lateral provocou bem menos protestos do que em Minas.
Nas ruas da cidade, a expectativa de ver a Seleção concorre com a apreensão com a certeza de mais confrontos violentos na cidade entre manifestantes e Polícia. Os torcedores que vão ao jogo só vão relaxar quando sentarem em seus assentos, pois o deslocamento até o Mineirão e motivo de muita preocupação por conta dos protestos.
Nos jogos Taitii x Nigéria e Japão x México o público não lotou o Mineirão, mas quem se deslocou ao estádio enfrentou muitos problemas. Brasil x Uruguai será uma partida de casa cheia, com torcedores ainda traumatizados pelos violentos confrontos das últimas ocasiões. No meio disso, está o jogo da Seleção.
Neste cenário, uma blitz como as ocorridas nas três primeiras partidas se fará ainda mais importante. Contra Japão e México, o Brasil abriu o placar até os 10 minutos de jogo e inflamou ainda mais a arquibancada. Diante da Itália, o Brasil teve 20 minutos alucinantes, mas não marcou. Quando o torcedor já dava seus primeiros sinais de insatisfação, Dante colocou o Brasil em vantagem no último minuto do primeiro tempo.
“O comportamento do torcedor brasileiro está deixando a gente mais relaxado, pois quando vamos a campo sabemos que vamos encontrar um torcedor apoiando do inícioa o fim e está sendo importante para jogarmos mais relaxados, sem a pressão que temos a todo momento”, avaliou o goleiro Júlio César
Atleticanos
A presença de três atleticanos no banco de reservas também pode antecipar os pedidos da torcida. Neste ponto, o atacante Fred será pressionado pelos gritos de Jô e Hulk por Bernard. O zagueiro Rever tem menos chances de ser aproveitado. O Cruzeiro não tem jogadores na Seleção, mas o centroavante Fred se destacou pelo clube há quase 10 anos.