Últimas visitas a Quito trazem más lembranças à Seleção
As visitas da Seleção Brasileira em cidades com altitude têm sido preocupantes nos últimos 15 anos. Desde a derrota por 2 a 0 contra a Bolívia, em 1993, já vigora o sentimento de que a camisa verde-amarela não é mais imbatível na América do Sul. Em Quito, onde o Brasil enfrenta o Equador às 18h deste domingo, o retrospecto é ainda mais negativo: na capital equatoriana, os últimos dois jogos foram marcados por derrotas brasileiras.
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Em 2001 e 2005, em dois confrontos válidos pelas Eliminatórias para a Copa do Mundo, o Brasil foi batido por 1 a 0 pelos equatorianos, que se valeram da melhor capacidade física e dos benefícios dos 2.850 metros de altitude. Com os pontos conquistados contra os brasileiros e uma boa campanha em casa, a seleção do Equador conseguiu, pelas duas primeiras vezes em sua história, garantir vaga para a disputa da Copa do Mundo.
Em 2001, Leão barrou Cafu e Roberto Carlos
No início da pior crise da Seleção Brasileira desde a Copa de 90, Emerson Leão assumiu o comando no lugar de Vanderlei Luxemburgo disposto a promover mudanças. Em um primeiro momento, contra a Colômbia, voltou a utilizar Edmundo, esquecido por seu antecessor. Além disso, Cafu e Roberto Carlos, intocáveis desde 1995, precisariam provar mais para continuar entre os titulares. E para jogar na altitude de Quito, ambos foram barrados por Leão, que optou por Belletti e Sylvinho.
No jogo contra o Equador, o "futebol bailarino" que Leão prometera ao assumir o cargo começou a se mostrar utópico. Sem muito padrão tático e jogadas de ataque, o time brasileiro acabou sendo dominado pelos donos da casa, como se recorda o zagueiro Roque Júnior, presente nas duas visitas da Seleção em Quito.
"O jogo em Quito tem uma diferença quanto ao tempo de bola e isso é notável. Nas duas ocasiões, fizemos de tudo para chegar e não sentir isso. Fomos um pouco antes da partida, mas a diferença na bola é sentida", aponta Roque Júnior.
Sem criatividade no ataque, o Brasil sucumbiu no segundo tempo, quando já se fazia sentir a diferença física das duas equipes. O atacante Kaviedes entrou driblando por toda a defesa brasileira e Delgado completou dentro da pequena área após vacilo de Rogério Ceni. Emerson Leão, em seguida, só faria mais um jogo de Eliminatórias, antes de ser demitido após a Copa das Confederações na seqüência.
Em 2004, a primeira derrota nas Eliminatórias
Já em 2004, com Carlos Alberto Parreira, o Brasil vivia um momento mais seguro nas Eliminatórias, ainda que tendo empatado algumas partidas e sem atingir a boa fase que veio no ano seguinte, na Copa das Confederações. Na visita ao Equador, porém, conheceu sua primeira derrota.
O jogo em Quito teve sensação de déjà vu para os brasileiros, que tinham em campo vários jogadores de potencial, mas foram sufocados pela força, determinação e ritmo intenso dos equatorianos, que pressionaram no início da partida para tentar abrir vantagem no placar.
"Até por não estarmos adaptados com o tempo da bola, eles sempre fazem essa pressão nos primeiros 20 minutos de jogo", lembra Roque Júnior. Ainda assim, a defesa brasileira sustentou a igualdade inicial e, pouco a pouco, a Seleção foi saindo de trás e criando oportunidades. Com Kaká, Ronaldo e Ronaldinho Gaúcho, quase o placar foi aberto na primeira etapa.
O quadro voltou a ser favorável para o Equador na segunda etapa. Utilizando bastante o jogo aéreo e os chutes de longa distância, os equatorianos tentavam tirar vantagem da melhor adaptação às condições em Quito. E foi justamente em um disparo de Edison Méndez, aos 31min da etapa final, que os adversários construíram o gol de sua vitória.
Como jogar em 2009?
Questionado sobre como jogar em Quito na partida deste domingo, Roque Júnior alerta para as dificuldades que já observou nas partidas de 2001 e 2004. "O Brasil tem plenas condições de ganhar, tem bons jogadores e é só tomar cuidado com o começo do jogo, que é muito importante. E depois conseguir colocar o seu ritmo. Nos jogos em que atuei foi assim, não conseguimos a vitória, mas principalmente em 2004, tivemos um domínio do jogo. É ter atenção no início e depois, com a qualidade que os brasileiros têm, poder fazer a vitória", aconselha.
Na somatória de todos os 24 confrontos com o Equador, são 20 vitórias a favor dos brasileiros, que só empataram e perderam duas vezes cada - justamente, os últimos confrontos em Quito.
As fichas dos jogos no Equador
Equador 1 x 0 Brasil
17/11/2004
Local: Estádio Olímpico Atahualpa, em Quito
Árbitro: Oscar Ruiz (Colômbia)
Gol: Edison Méndez
Equador
Villafuerte; De La Cruz, Iván Hurtado, Espinoza e Ambrosi; Méndez, Tenorio, Urrutia (Salas) e Marlon Ayovi; Kaviedes (Walter Ayovi) e Agustín Delgado (Reasco)
Téc: Luiz Fernando Suárez
Brasil
Dida; Cafu, Roque Júnior, Juan e Roberto Carlos; Renato, Kléberson (Ricardinho) e Juninho Pernambucano (Dudu Cearense); Kaká (Adriano) e Ronaldinho Gaúcho; Ronaldo
Téc: Carlos Alberto Parreira
Equador 1 x 0 Brasil
28/3/2001
Local: Estádio Olímpico Atahualpa, em Quito
Árbitro: Felipe Ramos Rizo (México)
Gol: Delgado
Equador
Cevallos; De La Cruz, Iván Hurtado, Porosso e Guerrón; Tenorio (Sánchez), Méndez, Burbano e Aguinaga; Delgado e Kaviedes (Obregón)
Téc: Hernán Dario Gomez
Brasil
Rogério Ceni; Belletti, Lúcio, Roque Júnior e Sylvinho (César); Émerson e Vampeta; Rivaldo (Luizão) e Juninho Paulista; Ronaldinho Gaúcho (Euller) e Romário
Téc: Emerson Leão