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Liga dos Campeões

"Será duro ver das arquibancadas", diz Daniel Alves

27 mai 2009 - 08h17
(atualizado às 08h49)
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Se pudesse voltar atrás, certamente Daniel Alves evitaria ao máximo levar o cartão amarelo que o deixa de fora da final da Copa dos Campeões. Suspenso para a decisão desta quarta-feira, entre Barcelona e Manchester United, o baiano de Juazeiro lamenta bastante ficar de fora do que pode ser chamado de o melhor da festa. Mas rapidamente levanta a cabeça, afinal faz parte do futebol.

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Aos 26 anos, Daniel Alves divide com Maicon, da Inter de Milão, o posto de melhor lateral-direito da temporada européia. Ao trocar o Sevilla pelo Barcelona, manteve o mesmo futebol que fez meio continente querer contratá-lo a qualquer custo. Naturalmente, porém, fazer sucesso com o azul-grená representa muito mais e ele colhe esses frutos. Contra o Peru, última partida da Seleção, fez sua melhor apresentação com o verde e amarelo.

Em entrevista exclusiva concedida ao Terra, Daniel Alves explica pontos importantes do trabalho de Pep Guardiola, treinador do Barcelona, e que pode conquistar a tríplice coroa pela primeira vez na centenária história barcelonista. E ainda diz o que pode decidir a final mais esperada da década, entre outros assuntos relevantes.

Confira a entrevista na íntegra:

Terra - Quando você chegou do Sevilla, havia uma certa instabilidade no Barcelona?

Daniel Alves - Como todos sabem, o clima era um pouco tenso pelo fato de não conseguir títulos em dois anos. E um clube dessa grandeza não podia ficar tanto tempo sem conseguir nada.

Quando cheguei foi difícil, mas a confiança nos jogadores era plena. E no treinador também, apesar de não ter uma experiência na primeira divisão, ele conhecia o clube tanto dentro quanto fora, e encaixou perfeitamente. Veio com uma mentalidade bastante positiva e no final as coisas deram certo graças ao trabalho que foi feito.

Terra - Depois do resultado ruim na estréia (derrota para o Numancia), ficou a sensação de que poderia se instalar uma crise tremenda. O que se passou dali em diante?

Daniel - Teve essa dúvida do projeto, mas a confiança era plena, já que na preparação fizemos um bom trabalho, com excelentes resultados e bons jogos. A confiança era muito grande no trabalho e no grupo de jogadores que estavam ali. A aposta foi valiosa e estamos colhendo os frutos disso.

Terra - O slogan diz que o Barcelona é mais que um clube. O que há de diferente?

Daniel - Os clubes sempre se preocupam com o futebol, títulos, esse tipo de coisa. O Barça se preocupa muito com a sociedade, com a forma como aparece no mundo, as necessidades que tem. Sempre está por dentro dessas coisas. É um dos motivos para ser mais que um clube.

Além disso, também pelo trato que dá aos jogadores e aos familiares também. Esses pequenos e ao mesmo tempo grandes detalhes fazem com que tenha esse slogan.

Terra - O fato de aproveitar tantos garotos da base é um diferencial?

Daniel - O clube tem essa política de formar jogadores e coincidiu que em nosso time temos tantos jogadores formados nas divisões. E vários deles são grandes jogadores em nível mundial. É bom para o clube ter revelado tantos.

NR: Valdés, Puyol, Piqué, Xavi, Iniesta, Busquets e Messi, possíveis titulares na final, foram formados no próprio Barcelona

Terra - E como é o trabalho do Guardiola no dia a dia?

Daniel - Ele tem as idéias e os objetivos bastante claros. É considerado como mais um do grupo, um treinador bastante jovem, que jogou muitos anos no futebol e conhece o clube à perfeição. Sabe perfeitamente o que necessita o jogador para um grande desempenho e tem nos ajudado a conseguir o máximo de êxito. A "culpa" é dele por implantar o que dá certo.

Terra - O que você pôde perceber de legado do Rijkaard, treinador das últimas temporadas?

Daniel - É difícil falar por eu não ter vivido com ele, mas os jogadores que estão, com exceção dos que saíram, como o Deco e Ronaldinho, formam a base do nosso time e trabalharam com ele. Então, algo de positivo tinha, porque conseguiu ganhar a Copa dos Campeões, que é muito difícil.

Acho que chegou a um momento em que, por um ou outro descuido, você deixa um pouco, e quando desperta, já passou o bonde. Em cada ano no futebol, se demonstra que mais que você ganhe, mais tem que trabalhar.

Terra - Qual o jogo mais especial da temporada?

Daniel - Sem dúvida que, pela rivalidade e por tudo que falavam desse jogo, o Real Madrid e Barça marcou muito pelo jogo do nosso time. A final (da Copa do Rei) sempre é especial, por ser o primeiro título, então tem sempre o gostinho. São vários momentos e esperamos que continuemos desfrutando.

Terra - Messi e Ronaldo são os grandes personagens da final. Fale mais desse duelo?

Daniel - São os dois melhores do mundo e tem o prêmio desse ano que está mais perto. É muito esperado e isso é positivo, mas sabemos que esse jogo é entre os dois clubes e não entre os jogadores. Têm que funcionar os times pra eles aparecerem.

Terra - Como vai ser assistir a essa final das arquibancadas?

Daniel - Difícil, mas temos que assimiliar as coisas na vida o mais rápido possível. É uma pena não estar em um jogo como esse, tão emocionante. É difícil. Mas acho que a confiança nos companheiros é plena e vão trazer o título.

Terra - Você levou o cartão e depois ainda teve uma lesão. Não fosse a suspensão, dava para ir pro jogo?

Daniel - Não teria problema para o jogo, já que a gente calculava que a lesão pudesse desaparecer até o dia da partida. Minha recuperação é muito rápida e poderia jogar.

Terra - O que pode fazer a diferença nessa final?

Daniel - Os detalhes. Sempre temos que cuidar. Um vacilo em uma jogada pode definir o título. Mais do que nunca, concentrar durante todo o jogo. Vai ser muito bonito e disputado, mas espero que o Barça vença.

Terra - Você e o Abidal não jogam. Pode nos adiantar algo sobre os substitutos?

Daniel - O treinador sempre prova várias possibilidades e até muito antes do jogo, não toma decisão. Na última conversa é que ele decide.

Para Daniel Alves, Barcelona é mesmo mais que um clube
Para Daniel Alves, Barcelona é mesmo mais que um clube
Foto: Getty Images
Fonte: Redação Terra
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