Coritiba faz viagem no tempo e revive jogo de 100 anos
Foi como entrar em uma máquina do tempo. Camisas jogadeiras, estádio retrô, apenas com uma pequena arquibancada, e uma viagem de trem para chegar ao destino. Assim o Coritiba se despediu das comemorações dos 100 anos completados no último dia 12 de outubro.
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Cerca de 500 torcedores participaram da viagem de cinco horas entre as cidades de Curitiba e Ponta Grossa para reviver o passado no "Amistoso das Origens, um dia inesquecível", promovido pelo Coritiba.
Contadores de piadas, mágico, sorteio de brindes, entre outros, ajudaram o tempo passar rápido. Em cada vagão do trem, jogadores que participariam do amistoso faziam companhia aos fãs, contando histórias pitorescas e revivendo os dias de ídolos de outrora. Os torcedores ainda ganharam um almoço antes de seguir para o estádio.
E com ídolos do passado, o time alviverde enfrentou a equipe master do Operário, no último sábado. Foi um jogo para rememorar o duelo realizado no dia 12 de outubro de 1909, que deu origem ao Coritiba.
A partida original citada acima foi entre Teuto Brasileiro e Tiro Rio Branco de Ponta Grossa, com vitória pontagrossense por 1 a 0.
Daquele jogo, o time que se chamava Teuto voltou do interior como Coritiba. "Aqueles jovens alemães não imaginavam que aquela viagem renderia uma história dessa grandeza e beleza", disse o atual presidente do Coritiba, Jair Cirino.
Neste fim de semana, o placar do novo duelo estava em segundo plano. Para os jogadores, o que importava era fazer parte desta reedição da história.
"É uma emoção muito grande. Eu que joguei no Coritiba fico imaginando qual foi a sensação que estes jogadores sentiram com toda dificuldade. Era um grupo de superação", afirmou o atacante Pachequinho, um do grandes ídolos alviverde. Ele marcou dois gols no amistoso das origens.
O estádio foi escolhido a dedo. A diretoria queria um local pequeno, com ares de praças esportivas antigas. A melhor opção foi o Estádio Dr. Joaquim de Paula Xavier. Sede de uma escolinha do Atlético-PR, o brasão do adversário na entrada do estádio gerou gritos e cantos contra o rival.
"Sabíamos que aqui é sede de escolinha, mas o estádio era o mais próximo de um estádio dos primórdios da história, então o escolhemos. Não foi surpresa para nós. Queríamos dar um ar retrô a este evento", explicou Roberto Pinto, um dos coordenadores dos eventos do centenário do Coritiba.
Sem equipe master oficial, o Operário improvisou um time com a presença até mesmo do presidente Carlos Roberto Yurk e foi goleado por 5 a 1. Destaque para Pachequinho, que, além de marcar dois gols, deu assistência para outros dois.
Intrusa
Em meio a um mar alviverde de aficcionados, todos uniformizados com a camisa jogadeira, mesma utilizada pelo time no amistoso, uma torcedora chamava a atenção pelo uniforme que trajava.
Sigrid Fonseca Marcondes é torcedora do Operário. Mãe e mulher de um clã coxa-branca, ela só aceitou viajar com a família se fosse com a camisa do time do coração.
"Moramos em Ponta Grossa e minha família queria fazer o trajeto, mas eu só aceitei com esta condição", disse Sigrid, na estação em Curitiba. Ela estava acompanhada do marido Luiz e dos filhos Caroline e Bruno.
Mas como era dia de confraternização, a ousadia não causou problemas e a torcedora ganhou vários "genros". "Já me chamaram de sogra e tudo. Me trataram muito bem. Nem tentaram me jogar pela janela", brincou Sigrid ao chegar em Ponta Grossa.
E assim, em uma tarde diferente, torcedores recriaram a história do Coritiba, com uma viagem cheia de surpresas e belas paisagens.