Teto retrátil da Arena vira problema sério no Atlético-PR
Clube e empresa espanhola não se entendem; "tampa do Caldeirão" somente em 2015
O imbróglio envolvendo a instalação do teto retrátil na Arena da Baixada, a cada capítulo, estende a conclusão para um prazo novo. Iniciada no final de outubro, a obra está praticamente parada. De novo.
O projeto inicial era ter a “tampa do Caldeirão” para os quatro jogos da Copa do Mundo, realizada entre junho e julho no Brasil. A Fifa, temendo não ficar pronta a tempo, tirou esse diferencial em agosto de 2013 para o estádio ter condições de receber o maior evento esportivo do mundo.
Com isso, o Atlético-PR projetava o processo durante a disputa da Série A. Há aproximadamente três meses, as obras tinham iniciado. Somente em tese. As primeiras peças chegaram à Arena na metade de agosto, e o guindaste para alçar as partes iniciaria a colocação. A estrutura, que vinha sendo preparada durante esse período, dizia estar pronta.
Em setembro, a obra estava completamente parada e a perspectiva era de que fosse finalizada até o final do mês, o que não ocorreu mais uma vez. O impasse já estava na Justiça, entre o clube paranaense e a empresa espanhola Lanik, responsável por realizar a instalação do teto retrátil.
Depois de uma reunião, que chegou a oito horas, as partes envolvidas chegaram a um acordo. O time paranaense pagaria os 94 mil euros acordados no ano passado – que, inclusive, estava depositado em juízo devido ao processo. Os espanhóis alegavam que teria de ser outro valor, de 418 mil euros, por ter que colocar a estrutura externamente e não mais por dentro.
A opção determinada foi de que o Atlético-PR ficaria responsável pela instalação, enquanto os três técnicos da Lanik apenas supervisionariam a obra. Desde o início, divergências dos dois lados atrasavam o processo. César França, diretor-executivo da empresa, reclamou do tamanho do guindaste, que não é suficiente para içar a estrutura e não garantia a realização de um evento de MMA, programado para 5 de dezembro no local.
Somente no dia 8 deste mês que foi içada a primeira das 12 vigas que farão o suporte da estrutura – e colocada sem segurança. No mesmo dia, o Shooto Brasil anunciou que desistiu de realizar a edição na Arena da Baixada, transferindo para Brasília. A não instalação do teto retrátil também já tinha feito o UFC 179 acontecer no Maracanãzinho, com o estádio atleticano perdendo a concorrência.
A tendência de conclusão, então, ficou para 2015. E agora é mais do que certo, com a nova previsão em março. Uma reunião entre a empresa espanhola e o Atlético-PR estava marcada para esta tarde, com objetivo de aumentar o efetivo de funcionários e definir um novo valor da obra. Da forma que o clube está fazendo, a Lanik projeta que o custo fique maior do que ela requeria na Justiça. O presidente Mario Celso Petraglia, entretanto, viajou para o Rio de Janeiro e não avisou o outro lado.
“A relação está complicada, pois eles querem fazer do jeito deles e não é simples. Precisa saber como e de um treinamento para isso. O abandono da nossa empresa na obra depende de chegar a um acordo, mas não está descartado”, declarou França, da Lanik, que veio do Canadá apenas para o encontro.
E a dívida?
As obras do estádio do Atlético-PR deixam um rastro de dívidas ao clube. O impasse envolvendo o custo da reforma da Arena, fechada em R$ 330 milhões, ainda é discutido. O clube alega que deve ser repartido com a Prefeitura e o Governo. Ambos, entretanto, alegam que o acordo tripartite foi feito com o orçamento de R$ 184 milhões, com o restante sendo arcado pelo time paranaense. O próprio presidente Mario Celso Petraglia, na época, garantiu essa medida.
Além disso, empresas cobravam R$ 10 milhões da CAP S/A, empresa criada para a gestão das obras, pelo não pagamento pelos serviços prestados entre 2012 e 2014. Atualmente, o valor subiu. Através de 353 títulos de cobrança, 83 credores cobram R$ 11,6 milhões da empresa gestora da obra na Arena e reclamam do sumiço dos responsáveis do clube, que sequer os recebem para tentar um acordo. Alguns (pequenos) protestos pelos atrasos nos pagamentos já foram feitos – tanto antes quanto depois da Copa do Mundo.