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De "clube do futuro", Paraná para no tempo e vive drama

Salários atrasados, dívida milionária e patrimônio ocioso mudam rumo do clube paranaense

10 fev 2015 - 12h36
(atualizado às 13h20)
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Inaugurada em 2008, o Ninho da Gralha foi colocado como garantia em acordo não cumprido com o empresário Léo Rabello
Inaugurada em 2008, o Ninho da Gralha foi colocado como garantia em acordo não cumprido com o empresário Léo Rabello
Foto: Paraná Clube / Divulgação

Quando surgiu em 19 de dezembro de 1989, fruto da fusão entre Pinheiros e Colorado, o Paraná Clube dizia no hino o que era: "Já nasceste gigante..". O lema dessa potência paranaense, que teve a hegemonia do Estado nos anos 90 e figurou por 15 anos seguidos na Série A, era de ser o "clube do futuro". Algo que, finalmente, a atual diretoria admite não ser mais, com o clube se perdendo no tempo na virada do século.

"O Paraná não acabou. Mas aquele clube do futuro, clube milionário, clube acima da média, este não existe. A concorrência acordou, nós ficamos parados na década de 1990, gozando de meia dúzia de títulos estaduais e campanhas medianas no Campeonato Brasileiro. Depois, eles evoluíram e nós ficamos para trás", admite Rubens Bohlen, presidente paranista, rebatendo a declaração do gerente de futebol, Marcus Vinícius, após o clássico de domingo contra o Atlético-PR.

O rombo é enorme. Apesar de não expor publicamente, a dívida do clube está em aproximadamente R$ 60 milhões. "Contratamos uma empresa especializada para fazer o levantamento total dessa dívida e posso afirmar que corresponde a menos de um terço do nosso patrimônio", garante o mandatário tricolor.

Patrimônio, inclusive, é uma das justificativas do vice-presidente Aldo Coser para dizer que o Paraná nunca vai acabar. "Se o clube vender uma sede, paga todas as dívidas e ainda monta um time bom", aposta o dirigente, em entrevista à Gazeta do Povo.

A história, entretanto, o desmente. Em 1998, a sub-sede no Jardim Botânico, que poderia estar rendendo lucro mensal por aluguem ou arrendamento, foi vendida por um valor irrisório para uma rede de hipermercado. Já em abril de 2013, a sub-sede do Tarumã foi a leilão e acabou arrematada por R$ 30 milhões. Na época, a direção prometeu que as dívidas seriam sanadas e a perda desse patrimônio seria um marco na história, colocando o clube novamente nos eixos. Algo que não ocorreu, com a solução virando problema. Quase dois anos depois, o panorama segue crítico.

Funcionários não recebem há sete meses - mesmo período que jogadores experientes, como o goleiro Marcos e o meio-campista Lúcio Flávio. Os atletas do atual elenco também sofrem com as pendências salariais, passando de três meses. "A gente está até acostumado em não receber, mas o cenário agora é pior que antes. Pelo menos existiam promessas de pagamento, agora nem esperança temos. Eles (diretores) apenas somem sem dar satisfação", reclama um funcionário que está no Paraná há 10 anos.

<p>Vila Olímpica é o atual Centro de Treinamento do futebol profissional do clube, mas possui estrutura defasada</p>
Vila Olímpica é o atual Centro de Treinamento do futebol profissional do clube, mas possui estrutura defasada
Foto: Paraná Clube / Divulgação

Diferente de outras vezes, a diretoria não culpou nas entrelinhas a torcida paranista, que há anos vem diminuindo sua presença na Vila Capanema. A mudança para um futuro melhor depende dela. "Muitos colocam a culpa na torcida, mas torcedor paranista, saiba, a responsabilidade não é sua. Nosso único pedido neste momento é que continuem indo aos jogos, não só pelo resultado, mas pelo orgulho de vestir nosso manto sagrado em campo. Nosso amor nos levará a triunfarmos", completa Bohlen.

Torcida quer venda de patrimônio

Em julho do ano passado, a organizada Fúria Independente expôs a crise financeira do clube mais uma vez. O título do comunicado era semelhante ao discurso recente do gerente de futebol: “E você, vai deixar o Paraná acabar?”.

A entidade pedia a venda da sede da Kennedy, mas com a unificação dos sócios do social e do futebol, o local começou a ser bastante frequentado, principalmente neste verão. O problema dessa questão é que essa sede é a única que ainda pode trazer lucro ao clube, já que o restante está com alguma pendência judicial.

Confira a situação das sedes abaixo:

Ninho da Gralha: o CT das categorias de base do Paraná, apesar de ter melhorado a estrutura nos últimos dois anos, segue com os campos péssimos – no qual é rejeitado pelos treinadores do profissional que passam e não querem treinar lá. É sabido de que os funcionários passam dificuldades e lá é o último lugar a receber salários quando entra dinheiro no clube – isso quando recebe. O local foi colocado como garantia no acordo com Léo Rebello, que não foi cumprido e existe o risco de perdê-lo. A antiga parceira, Base, entrou na Justiça e conseguiu o direito do local não poder ser usado para esse fim. A direção paranista já chegou a firmar contrato com o CT Barcellos para ser o “novo CT” por quatro anos, prevendo a perda do patrimônio em breve. A mudança definitiva deve acontecer até o final do Campeonato Paranaense.

<p>Paraná já não conta mais com a vitória na briga judicial pela posse da Vila Capanema, e negocia troca por estádio novo</p>
Paraná já não conta mais com a vitória na briga judicial pela posse da Vila Capanema, e negocia troca por estádio novo
Foto: Guilherme Moreira / PGTM Comunicação - Especial para o Terra
Vila Capanema: a briga judicial envolvendo o Paraná e a União está perto de chegar ao fim. Há dois anos, a diretoria paranista negocia com a Prefeitura uma troca: o espaço, no qual o governo municipal tem interesse, por um estádio novo onde está situado o Estádio Erton Coelho Queiroz, a Vila Olímpica, na desistência da ação do Durival Britto e Silva. As negociações, entretanto, esfriaram e o otimismo já não toma mais conta da diretoria.

Kennedy: bem localizada, a sede social é o local no qual os sócios olímpicos desfrutam da estrutura oferecida para a prática de outros esportes. Por outro lado, o local possui alguns espaços ultrapassados e teve um espaço dos salões arrendado por 20 anos, com o Paraná recebendo R$ 1 milhão por ano. É a única que ainda não tem embróglio judicial.

Vila Olímpica: atual Centro de Treinamento do futebol profissional, o estádio também possui estruturas ultrapassadas e foi readequada em 2012 a pedido do então técnico Ricardinho. Mesmo com a melhora, carece de inúmeras benfeitorias e está penhorada no momento – assim como a sub-sede social do Boqueirão, do outro lado da rua.

Litoral: o Paraná ainda possui um terreno de uma quadra em Guaratuba, no litoral paranaense. Até pouco tempo atrás ninguém sequer sabia onde era, mas um estudo junto à Prefeitura da cidade fez com que fosse descoberto. O valor do local, contudo, é pequeno.

Fonte: PGTM Comunicação - Especial para o Terra PGTM Comunicação - Especial para o Terra
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