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Leilão do Tarumã: de solução a novo problema do Paraná

25 mar 2014 - 20h12
(atualizado às 20h15)
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O ano de 2014 parecia promissor à torcida paranista. No ano passado, com um time de qualidade técnica e o técnico Dado Cavalcanti, eleito o melhor do Campeonato Paulista, o acesso à Série A parecia certo. Além disso, o leilão da sub-sede do Tarumã parecia resolver os problemas financeiros em breve, mas a principal dívida, com o empresário Léo Rabello, continua existente e consideravelmente alta.

O tempo acabou passando, os salários voltaram a atrasar e o desempenho da equipe decaiu, apesar da enorme mobilização da torcida, com três frentes (Torcida Fúria Independente, Paranautas e Doutor Tricolor) patrocinando a equipe pontualmente em alguns jogos, e a Série B vai para o sétimo ano seguido em um clube que ficou 15 anos seguidamente na elite do futebol brasileiro.

Durante o Campeonato Paranaense deste ano, o time oscilou bons e maus momentos, com muita crítica às quase 20 contratações, principalmente pelo treinador contratado, o desconhecido Milton Mendes – que teve sua carreira pautada em Portugal e Catar. Na terça-feira, em reunião na sede social da Kennedy, o técnico pediu demissão. “O que me deixou um pouco triste e decepcionado é que o clube atravessa um grave problema. Situações difíceis a serem contornadas. O clube precisa de ajuda. Precisa de pessoas que cheguem pra colaborar com o time. Estou deixando o Paraná porque as perspectivas não são boas”, afirmou Mendes, em coletiva realizada após sua saída, em um hotel de Curitiba.

Fora isso, os salários, problema recorrente desde 2008, continuam em débito: antes da eliminação no Estadual, ao ser derrotado na Vila Capanema por 2 a 0 para o Atlético-PR, o elenco decidiu não treinar na véspera do clássico por falta de pagamento e funcionários da sub-sede do Boqueirão seguem há duas semanas em greve.

O cenário atual não era planejado pela diretoria, mesmo diminuindo um gasto mensal de quase R$ 250 mil. Atualmente, a folha salarial – incluindo futebol e social – é de R$ 820 mil e, caso não consiga achar clubes para atletas emprestados no primeiro semestre, além de possíveis investimentos em contratações para a Série B, o valor deve subir. A receita atual, por outro lado, não é o suficiente para bancar, principalmente pela grande queda no número de sócios: tanto olímpicos como torcedores.

Em crise pela saída precoce nas quartas de final do Paranaense, tendo apenas a Copa do Brasil até o início do Campeonato Brasileiro, a torcida tricolor vem questionando um assunto em especial: o leilão da sub-sede do Tarumã. Vendido no início de abril de 2013 por R$ 30 milhões, o local era visto como a solução para dar um novo rumo ao futuro do clube, que possuía uma dívida de R$ 37 milhões.

Pelo menos, era o discurso dos diretores na época que, na reeleição de novembro, teve apenas uma mudança na composição. “Apesar de todos os esforços realizados até aqui, destacadamente os da atual gestão, a situação oriunda desses débitos e suas respectivas judicializações têm gerado inúmeros prejuízos. As dívidas aumentam mês a mês, como uma verdadeira bola de neve, em decorrência de juros, correção monetária e multas. Aliado a isso, a negativação de crédito, representada pela impossibilidade de obtenção de certidões negativas de débitos, inviabilizam a obtenção de patrocínios de empresas públicas, maculando a imagem e a credibilidade do Paraná Clube e trazendo-lhe incontáveis prejuízos”, afirma a nota oficial divulgada na ocasião.

É bem verdade que, após dois anos de negociação, o clube paranaense conseguiu o acerto com a Caixa Econômica Federal (CEF) como patrocínio máster para 2014. Porém, outro trecho acabou não acontecendo, que foi a tentativa de manter a folha salarial em dia. “A premente necessidade de liquidez e receita para a quitação de suas obrigações, inclusive as de natureza salarial, trouxe como solução imediata e permanente o consentimento com o praceamento (venda pública de um bem penhorado) do imóvel objeto de garantia judicial das execuções fiscais, evitando-se que as respectivas ações judiciais se eternizem no tempo e em prejuízo constante ao Clube. A atual gestão do Paraná Clube assume, portanto, o ônus do pagamento de todas as dívidas geradas anteriormente a sua administração”, completa o texto.

A distribuição do valor do imóvel de 50.170,62 metros, arrematado pelo Grupo Tacla, é um mistério até aqui. A diretoria paranista, desde o leilão, evita falar sobre a situação. Alegam que o dinheiro será detalhado no balanço anual, que vai ser aprovado ou não, juntamente com o orçamento deste ano, em reunião do Conselho Deliberativo marcado para abril.

Pressionado internamente por conselheiros, o Paraná deve apresentar no mês que vem o pagamento de R$ 22 milhões em impostos, fora ações trabalhistas e uma parte da dívida maior. Esse débito pontual se refere ao caso Thiago Neves, quando a gestão no período cometeu um equívoco e, inclusive, está sendo processada na Justiça pela atual gestão.

A confusão aconteceu quando um dos donos de parte dos direitos econômicos do atleta à época (68%), a Systema Assessoria Financeira Ltda, do empresário Léo Rabello, alegou o não recebimento de sua parte na venda do atleta para o Fluminense e entrou com um processo contra o Paraná. O valor, que estava depositado em juízo, foi sacado indevidamente e a dívida, que rendeu multas judiciais, passou de R$ 9 milhões para R$ 19 milhões. Com a derrota na Justiça, a diretoria tricolor fez um acordo com Rabello, reduzindo o débito para o montante original.

O pagamento, porém, não vem sendo cumprido. Dos R$ 9 milhões, o clube paranaense pagou cerca de R$ 2 milhões ao empresário, que cobrou a quitação da dívida em até 60 dias, em fevereiro. Passado quase dois meses, o Paraná ainda busca uma solução para o caso e tenta negociar novamente o parcelamento do débito, podendo dar algo como garantia.

Novo pesadelo?

Além das dívidas que assombraram e fizeram com que a sub-sede do Tarumã tivesse que ser leiloada, uma nova “bomba” está prestes a explodir no Paraná. É o caso do Banco Central, onde o clube paranaense possui uma dívida por causa de transferências irregulares de jogadores ao exterior, com multas e penalidades sobre o valor das transferências até 2006 – nesta data, a a Lei 11.371 legalizou a permanência do dinheiro de transferências de jogadores de futebol em contas no exterior, sem a obrigatoriedade de trazer os recursos para o Brasil.

Na terça-feira, em audiência pública na Câmara dos Deputados, em Brasília, dos 26 clubes devedores, o Paraná é com a maior dívida, tendo o débito de R$ 25,9 milhões. A dívida é resultado de inúmeras transferências de jogadores irregulares ao exterior: laterais Balu (Cerro Porteño-PAR, em 1993), Denílson (Yokohama Flugels-JAP, em 1996) e Gil Baiano (Sporting-POR, em 1996), meia Ricardinho (para o Bordeaux-FRA, em 1997) e do atacante Claudinho (Cerezo Osaka-JAP, em 1998).

O banco está executando essa dívida na Justiça e montou uma força-tarefa de advogados para ir atrás do patrimônio do clube tricolor que conta, atualmente, com a sede social da Kennedy, sub-sede Boqueirão, CFA Ninho da Gralha, Estádio Érton Coelho Queiroz. O caso do Estádio Durival Bitto e Silva, atualmente, é discutido na Justiça contra a União, que tem parecer favorável de posse no momento. A diretoria tenta, em negociação avançada, trocar o terreno por um estádio novo.

Fonte: PGTM Comunicação - Especial para o Terra PGTM Comunicação - Especial para o Terra
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